quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Paraíso liberado


E você acha que se prostituir é algo errado?
De maneira alguma! É o meu corpo e eu faço o que eu quiser com o meu corpo. Para mim, as únicas coisas erradas são roubar e matar. Nunca tive vergonha de assumir ser prostituta. Mas tem uma diferença: tive coragem de mostrar quem eu era porque saí da casa dos meus pais com 17 anos, não tive essa preocupação de “o que é que meus pais vão pensar em relação ao que estou fazendo?”. As meninas geralmente escondem o rosto porque escondem da família e dos amigos o que fazem.

A maioria das meninas se prostitui por vontade própria ou porque não têm outra opção?
Porque quer. Isso é um tabu muito grande. As pessoas pensam que as meninas são todas coitadinhas, que não tiverem educação, não têm apoio da família, etc. Mas, durante os três anos em que me prostitui, trabalhei com muitas mulheres e, conversando com elas, eu senti que elas se prostituíam porque queriam, porque tinham vontade, para unir o útil ao agradável. Elas gostavam de fazer sexo e gostavam do dinheiro que o sexo proporcionava.

O que você acha do turismo sexual e dos homens que vão ao Brasil em busca das mulheres? Deveria ser algo proibido?
Acho que não deveria ser proibido. Considero isso normal, acho que, se fosse o contrário, se aqui fosse proibido – ou considerado pecado – o homem sair com uma garota de programa, com certeza os brasileiros iriam procurar outro país mais libertário em relação ao sexo. Mas há um detalhe sobre o turismo sexual aqui no Brasil: em razão do sexo (o valor do programa) ser muito barato aqui quando comparado aos países europeus. Então é por isso que aqui um europeu ou um americano acaba “fazendo a festa”, simplesmente porque sai muito barato para eles. Posso dar o meu exemplo: eu cobrava R$150 por hora. Isso, na época, era 50 euros. Imagina, 50 euros para fazer sexo é muito barato, praticamente de graça. E é isso que chama muito a atenção aqui também: o preço barato.

Bruna Surfistinha na revista Jungle Drums.

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