sábado, 30 de junho de 2007

Estrela literária

Convidado da próxima Flip, a Festa Literária Internacional de Parati, Mario Vargas Llosa já está no Brasil. O peruano concedeu algumas entrevistas aos principais jornais do País falando de sua vida e de sua obra, que está sendo relançada no Brasil pela editora Alfaguara.
Ler Vargas Llosa é sempre uma garantia de grande fruição, seja como romancista, ensaista ou jornalista. Bom também é vê-lo em ação, como nesta entrevista ao jornalista Edney Silvestre para o programa Espaço Aberto, da Globonews:

Nela Vargas Losa, dono de uma empostação primorosa, revela detalhes pitorescos e pouco conhecidos de alguns dos seus livros mais famosos, como Pantaleão e as visitadoras, também transformado em filme de sucesso, e seu despreparo para concorrer à presidência do Peru, disputa que acabou perdendo para Alberto Fujimori em 1990.

iPhonemaníacos

Esse aí ao lado é John Samson, um novaiorquino, em foto da agência EFE. Se dependesse do seu jeito desengonçado, dificilmente ganharia espaço na mídia. Porém, bastou ser um dos primeiros compradores do iPhone, da Apple, para curtir seus 15 minutos de fama.

O iPhone pode ser considerado a traquitana do ano. O marketing em torno do seu lançamento talvez explique a euforia dos consumidores. Matéria do El País (aqui, em espanhol), sobre a mais nova arma da Apple, destacou outros iPhonemaníacos tão entusiasmados quanto John Samson. É o caso de Kristian Gunderson, que viajou da Noruega para comprar o aparelho. “É um sonho que se transforma em realidade, é o melhor dia da minha vida”, comemorou Gunderson, já com seu iPhone em mãos.

Segundo o El País, o nome do novo telefone da Apple é a quarta palavra mais pesquisada na Internet. A novidade está em praticamente todas as mídias on line. Nem todas aplaudiram o brinquedo de Steve Jobs, o todo-poderoso da Apple. A revista eletrônica Slate, por exemplo, criticou as funcionalidades do iPhone. O título da matéria na capa do site revela tudo: iPhony (aqui, em inglês). Numa tradução livre significa algo como iFarsa. Para a Slate, o equipamento não entrega tudo que promete.

Mas, afinal, o que é que esse iPhone tem de tão especial? Trata-se de um telefone celular que combina as funcionalidades de um player de música e vídeo, com acesso à Internet. Para utilizá-lo, o cliente poderá optar entre três planos básicos (isso para os Estados Unidos), que oscilam entre 60 a 100 dólares. Sem impostos e qualquer tipo de taxa extra.

Nada mal, mas justifica tamanho frenesi? Seremos todos subjugados de forma acrítica pelos apelos da tecnologia?

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Mitos baianos

A Bahia é a terra da felicidade, onde pouco se trabalha e a alegria é uma marca inquestionável da convivência social. Será verdade? Essas são apenas algumas entre tantas imagens que se faz dos baianos. “Caymmi alimentou a idéia de que não se trabalha, mas baiano rala pra cacete”, contesta o antropólogo Antônio Risério, em depoimento à Revista Pesquisa Fapesp. Na matéria A ditadura da alegria, a revista questiona os mitos em torno da baianidade, muitos deles alimentados pelo Carnaval e seu poderoso marketing em Salvador.

A revista mostra que, embora a idéia de “terra da felicidade” já estivesse presente numa canção de Ary Barroso, foi com o surgimento da axé-music que a alegria passou a ser vendida como um produto para exportação. Os críticos alegam que isso só foi possível graças à ação do carlismo, que estabeleceu um domínio político de décadas na Bahia. Com o aval de Antônio Carlos Magalhães, parcerias foram estabelecidas entre a Bahiatursa e grupos de entretenimento.

O resultado não poderia ser mais prejudicial para o Carnaval de Salvador (um dos mais famosos do País): a festa, que antes era comemorada genuinamente pela população, ficou reservada ao domínio dos mais afortunados. Para alguns, o fim do carlismo pode trazer de volta a democratização do velho e tradicional Carnaval de rua de Salvador.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Nova revista: online e em video

A revista eletrônica Slate, pertencente ao grupo do Washingon Post, acaba de criar um novo serviço. É a Slate V, ou a versão em vídeo de uma das mais prestigiadas publicações da internet. Uma “revista online em vídeo” é o que anunciam Andy Bowers e Bill Smee, editor e produtor. “Alguns segmentos serão familiares aos leitores habituais, e apresentarão colaboradores que vocês já conhecem há anos. Outros serão novos em folha. Eles cobrirão política, arte, ciência, business e tudo que pareça adequado para a Slate V”, escrevem Andy e Bill.

Inicialmente, o conteúdo da revista ficará a cargo dos editores. Algo diferente, portanto, da proposta do
You Tube e sua filosofia do “broadcast yourself”, ou o “transmita você mesmo”. Se a idéia da turma do You Tube era pôr em xeque o monopólio da TV tradicional, acabou por criar uma tendência que, cedo ou tarde, contaminará tudo o que se fizer daqui por diante na Internet.

Não que a Slate já não viesse explorando as diversas possibilidades oferecidas pela Internet e suas linguagens. Entrevistas em vídeo, slide-shows e tudo o que permite uma comunicação multimídia está em suas páginas há tempos. Criar uma revista em vídeo é apenas mais uma ousadia da Slate, há 11 anos no ar.

Curiosamente, alguns vídeos já disponíveis no site foram extraídos do You Tube. Mas a Slate V chegou disposta a inovar. Uma das seções chama-se “Did you see this?”, ou “Você viu isto?”, onde o leitor encontrará os melhores vídeos selecionados da internet. Palavra dos editores.

“Assim como a Slate preenche a lacuna entre a imprensa diária séria e o caos barulhento da blogosfera, queremos que a Slate V ocupe o espaço entre a CNN e o You Tube”, afirmam Andy e Bill. É esperar para ver. Literalmente.

domingo, 24 de junho de 2007

Nada será como antes

Ótima a entrevista (“A marca indelével do escândalo”) concedida pelo cientista político Ricardo Lessa (foto ao lado), do Iuperj, à repórter Mônica Manir, para o caderno Aliás, do Estadão, sobre o processo que está sendo movido contra o presidente do Senado Renan Calheiros, por quebra de decoro parlamentar.

Na entrevista, o caso Renan funciona como mote para que diversos outros temas relacionados com os males da vida republicana no Brasil mereçam a análise de Lessa. Para início de conversa, Lessa não acredita que mesmo aqueles políticos que sofreram algum tipo de punição parlamentar saiam incólumes da situação. Cita o caso de Fernando Collor, que hoje amarga um limbo no baixo clero no Congresso, sem qualquer tipo de influência política. E de Paulo Maluf, cujo desempenho tem se limitado a manter sua imunidade.

O futuro de Renan Calheiros, segundo o cientista político, não será dos melhores: “Acho que pode acabar de uma maneira muito ruim para Renan, exatamente por ser ele o presidente do Senado. Não descartaria renúncia e perda de mandato”, afirmou Lessa. Há no episódio uma combinação de “informalidade oligárquica com formalismo jurídico”, segundo o cientista.

O formalismo jurídico, contudo, não assegura que a justiça poderá prevalecer. Nos bastidores da República, forças se movem para que prevaleçam as informalidades. No corpo a corpo diário, os políticos “criam de um lado um mecanismo formal perfeito de investigação e de punição, mas sabem que, na informalidade, derrotam politicamente o que é juridicamente correto”.

Para isso colaboraria a criação de foro privilegiado. “O que ele faz?”, indaga Lessa. “Cria uma espécie de blindagem jurídica em torno dos parlamentares para qualquer questão, para qualquer questão, inclusive de natureza criminal”.

Renato Lessa fala ainda sobre a tênue fronteira entre o público e o privado no Brasil, e o papel da Polícia Federal e da imprensa em todos esses escândalos. Leia aqui a entrevista completa.

Sertanejo, mineiro, brasileiro

Certa vez, ao se referir ao líder pacifista Mahatma Gandhi, o cientista Albert Einstein profetizou que as gerações futuras dificilmente acreditariam que alguém assim teria existido. Os tempos deram razão ao gênio alemão. Hoje a imagem de Gandhi está mais para uma figura etérea, envolta num halo de santidade, do que para um homem de carne e osso que um dia viveu sobre a terra e que enfrentou desafios concretos pela independência da Índia.

O mesmo pode ser dito do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, morto há dez anos por problemas decorrentes do vírus da Aids. Em 1997, mesmo já abatido pela doença, Betinho liderou uma das maiores campanhas cívicas de que se tem notícia no Brasil. Arregaçou as mangas e convocou os brasileiros a abraçar a causa da doação de alimentos e fundos para combater a fome no país.

A história do “irmão do Henfil” acaba de ser contada no livro Betinho, sertanejo, mineiro, brasileiro (Editora Planeta), da jornalista Carla Rodrigues. Colunista do site
No Mínimo, Carla trabalhou com Betinho no Ibase durante três anos. O privilégio dessa convivência com o seu personagem foi fundamental para a biógrafa. Apesar da proximidade, Carla informa na apresentação do livro que não foram poucas as dificuldades para recuperar o percurso do homem Betinho. O resultado revelou um ser humano tão excepcional quanto contraditório, conforme pode ser lido na apresentação do livro:

Betinho nasceu no sertão semiárido do norte de Minas Gerais. Além de carismático na ação política, era também um sedutor na esfera privada. Sociólogo, foi pouco afeito às lides acadêmicas. Conhecido pela capacidade de pregar solidariedade, era capaz de ser profundamente egoísta. Democrático na vida pública, podia ser autoritário nas relações profissionais e pessoais. Famoso como “o irmão do Henfil”, símbolo da campanha pela anistia, viveu quase tanto tempo no exílio quanto na clandestinidade, experiência que o afetou profundamente.

Clique
aqui para ler a íntegra do primeiro capítulo disponível no site da Livraria Cultura.

sábado, 23 de junho de 2007

Uma pedra rolando

“Você não precisa ser um meteorologista para saber de que lado o vento está soprando”. Lida dessa forma, essa máxima soa fora de contexto, não? Contudo, fez muita gente refletir nos badalados anos 60. Saíram da cabeça pensante de Bob Dylan, proclamado um dos porta-vozes daquela geração.

Dylan está com 63 anos. Não é mais o garoto que provocou furor nos bares do Village, em Nova York, em suas primeiras aparições tocando um violão, soprando uma harmônica, destilando revolta inteligente contra o sistema. “Like a rolling stone”, um dos seus libelos mais famosos, foi eleita a canção do século numa enquete realizada pela revista Rolling Stone, em 2004. Foi a vitoriosa entre 500 músicas. Passado tanto tempo, as pedras continuam rolando para o bardo fanhoso nascido Robert Zimmerman em Ribbing, Minesotta.

Que o diga a entrevista por ele concedida à Rolling Stone, e reproduzida na Rolling Stone Brasil, edição de banca, em comemoração aos 40 anos da revistona americana. A idade parece ter “amaciado” Dylan, mas, olhando bem o que ele disse na entrevista, não é difícil perceber que nele permanecem as diversas personas que o caracterizaram como um dos artistas mais criativos do século 20. Lá estão: o visionário, o profeta, o poeta, o contestador, o individualista, o polêmico, o sábio.

Querem uma amostra de como Dylan ainda é capaz de propor leituras originais mesmo para temas tão surrados como os anos 60? Ele sustenta uma tese no mínimo polêmica: toda a energia que fermentou e fervilhou os trepidantes sixties só foi possível por causa da explosão da bomba atômica. Esses poderosos fluxos de energia permaneceram reverberando décadas afora e explicam o talento de tudo de rebelde e original que eclodiria na música americana, tempos depois. “Se você reparar em todos esses performers originais, eles eram movidos a bomba atômica: Jerry Lee, Carl Perkins, Buddy Holly, Elvis, Gene Vincent, Eddie Cochran”, afirmou Dylan na entrevista.

Mas nada parece definir mais a personalidade de Bob Dylan e, de certa forma, explicar sua trajetória camaleônica do que a resposta que deu sobre toda essa onda do aquecimento global e a necessidade de soluções por parte dos políticos: “Não espero que os políticos resolvam os problemas de ninguém. Nós temos que pegar o mundo pelos chifres e resolver nossos próprios problemas. O mundo não nos deve nada, não nos deve absolutamente nada”.

É como estivéssemos diante do Dylan de 19 anos, em início de carreira, confiando suas forças apenas na sua energia juvenil, lutando contra tudo e contra todos e abrindo caminho para deixar sua marca de um dos artistas mais originais que a cultura americana já produziu.


terça-feira, 12 de junho de 2007

Magnum 60 anos

A Magnum é uma comunidade de idéias, que busca compartilhar qualidade humana, curiosidade acerca do que acontece no mundo, respeito com o que acontece e desejo de transcrevê-lo visualmente.

Essas são palavras do fotógrafo Henri Cartier-Bresson, um dos criadores da mais famosa agência de fotojornalismo do mundo, em parceria com David Seymour e Robert Cappa.
A declaração de princípios de Bresson foi seguida à risca por sucessivas gerações de fotógrafos que contribuíram para manter viva a tradição da Magnum. A agência acabou de fazer 60 anos, e, para comemorar o aniversário, disponibilizou em duas galerias virtuais parte do seu desmesurado banco de imagens. A primeira pode ser vista aqui, e a segunda aqui. Uma foto para cada ano de vida da agência.
Seu time de talentosos integrantes produziu imagens que hoje pertencem ao imaginário mundial. Delas fazem parte os instantâneos de Henri Cartier-Bresson, que com sua tese do “momento decisivo” imortalizou anônimos e famosos, lugares conhecidos e rincões obscuros.
Numa das imagens, vemos a atriz Marilyn Monroe e o dramaturgo Arthur Miller. A foto, pouco conhecida, foi tirada em Reno, estado de Nevada, em 1960, pela fotógrafa Inge Morath. A legenda informa que, nessa época, o casal já estava separado, mas mesmo assim continuava trabalhando junto no roteiro do filme “Os desajustados”. A união dos dois foi considerada pela imprensa da época como o casamento da "bela" e a "fera", pois combinava o deslumbre de Marilyn com a inteligência de Arthur Miller.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Frida Kahlo é fashion

No próximo mês de julho, Frida Kahlo completaria cem anos. Nada mais natural que a data seja uma boa oportunidade para celebrar a memória da grande artista mexicana. No entanto, se depender dos familiares dela, o centenário terá uma utilidade, por assim dizer, menos nobre. Em sociedade com um astuto empresário, a sobrinha e herdeira de Frida, Isolda Pinedo Kahlo, tem utilizado a imagem da tia para transformá-la numa marca.

“A Frida Kahlo Corporation lancará no mercado cinco modelos distintos de sapatos esportivos com imagens da artista. Planejam também uma linha de roupa. O que pensaria esta artista que lutou no campo do comunismo?”, questiona a revista Gatopardo, do México, na matéria “Frida Kahlo Corporation” (
aqui, em espanhol).

O suposto purismo da arte em oposição à sua massificação colocada como um fato inexorável pelas leis do mercado tem promovido embates intermináveis. Indústria cultural, é como a coisa é chamada. Se viva fosse, Frida estaria imune a essa contaminação, e, por que não dizer, necessidade de sobrevivência num mundo em que o sentido da arte - ou a sua utilidade – tem sido posta em xeque?

Vá lá saber. Frida era um personagem excêntrico mesmo entre artistas. Seu polêmico relacionamento com o muralista mexicano Diego Rivera só fez exacerbar o mito em torno da sua figura. Mas até que ponto ela desaprovaria o uso de sua arte para alimentar a produção de mercadorias, da mesma forma que um sabonete ou um shampoo?

Como ela está morta, jamais saberemos. Enquanto isso, sua esperta sobrinha e o empresário Carlos Dorado alimentam planos mirabolantes de faturamento sobre o legado de Frida Kahlo. No negócio, Dorado leva 51% de participação. Diz a Gatopardo que ele já investiu 9 milhões de dólares na empreitada.

Algumas vozes erguem-se, porém, contra esse complô de comercialização do legado de Frida Kahlo. “É a prostituição de Frida”, bradou Ruth Alvarado Rivera, neta de Diego Rivera. Já Raquel Tibol, que conheceu Frida e Diego Rivera e chegou a escrever a biografia de ambos, não deixou por menos: “Não falarei desse mercantilismo perverso, nem me ponha nas mesmas páginas que Isolda”.


Sob protestos ou não, a Frida Kahlo Corporation mira o mercado, e o mais provável é que logo possamos usar sapatos, camisetas e calças com exclusivas etiquetas Frida Kahlo. Façam suas encomendas.

domingo, 10 de junho de 2007

Bolañolatria

Se um bruxo, um dia, olhando uma bola de cristal, afirmasse que surgiria no continente latino americano um escritor capaz de se ombrear com Jorge Luis Borges, Júlio Cortázar, Gabriel Garcia Márquez, Juan Rulfo e Mario Vargas Llosa, seria peremptoriamente taxado de muy loco.

Mas esse escritor surgiu.

Roberto Bolaño, cuja obra passa a ser conhecida no Brasil somente agora, é o cara. Nascido em Santiago do Chile em 1953, Bolaño viveu muito tempo no México e depois partiu para a Europa. Mais exatamente para a Espanha, como um expatriado, fugindo do golpe militar que derrubou o governo democrático de Salvador Allende.

Na Espanha, impossibilitado de trabalhar legalmente, Bolaño exerceu diversas atividades. Foi lavador de pratos, vigia noturno, camelô. Apesar das adversidades, jamais abandonou a literatura. No México, fez parte de algumas vanguardas poéticas. Essa experiência será o mote do caudaloso romance Os detetives selvagens, um dos três livros dele agora disponíveis ao leitor brasileiro, em edição da Companhia das Letras. O leitor que se regalar com Os detetives selvagens poderá mergulhar nos outros dois: Noturno do Chile e A pista de gelo.

No livro A verdade das mentiras, Vargas Llosa analisa o romance moderno. Ele escreveu: “Em todas as obras-primas do gênero, esse fator quantitativo – ser abundante, múltiplo, duradouro – está sempre presente: em geral, o grande romance é, também, grande”. Claro que há exceções. Mas, no caso de Os detetives selvagens, podemos afirmar: na mosca! Suas mais de 600 páginas são puro deleite de inventividade, energia criativa, irreverência e humor corrosivo. A história dos poetas real-visceralistas Ulises Lima e Arturo Belano, uma espécie de alter-ego de Roberto Bolaño, é na verdade uma “carta de amor” a sua geração, conforme ele afirmou certa vez.

Uma das matrizes literárias de Bolaño é o romance policial, porém esse não é um recurso que ele utilize da forma costumeiramente conhecida. Para Bolaño, o que menos importa é solucionar o crime. O que interessa mesmo é narrar os dramas humanos e seus mistérios insondáveis, tudo sob o efeito magnetizador de uma linguagem poderosa.

Roberto Bolaño morreu em 2003, aos 50 anos, de insuficiência hepática, mas antes teve a sorte de ver sua literatura reconhecida através dos vários prêmios que ganhou, e do reconhecimento (e algumas vezes do refugo) da crítica. Um ótimo histórico da vida e da obra de Bolaño pode ser lido aqui (em espanhol). E aqui uma entrevista (dividida em 6 partes) que ele concedeu à TV chilena.

Um escritor da estatura de Bolaño não deixou de atrair detratores. A revista Entrelivros que está nas bancas traz uma ótima análise do escritor espanhol Javier Cercas, a qual rebate boa parte da crítica (infundada) sobre a obra do chileno.