sábado, 15 de setembro de 2007

Philip Roth, a política e a literatura

Philip Roth tem medo de morrer. Reclama da velhice. Detesta Bush e os republicanos. Atualmente mais relê do que lê: Joseph Conrad, Ivan Turguêniev. No Brasil, chega o seu novo romance, Homem comum.

O jornalista Sérgio D´Avila o entrevistou para a Folha:

FOLHA - Bem, já que o sr. fez previsões tão acertadas há sete anos nesse campo, deixe-me perguntar de novo: quem o sr. acha que será eleito em 2008?

ROTH - Sim, vá adiante, me dê uma nova chance para eu fazer papel de bobo. [Risos] Não tenho a menor idéia. Não tenho idéia de quem será o candidato democrata e não tenho idéia de quem vai ganhar as eleições.

FOLHA - O sr. não acha que a senadora e ex-primeira-dama Hillary Clinton é uma boa aposta, do lado democrata?

ROTH - [Agora cauteloso] Eu simplesmente não sei...

FOLHA - Ok, deixe-me dizer dessa maneira: se as eleições fossem hoje e ela fosse eleita, o que aconteceria segundo as pesquisas de intenção de voto atuais, o sr. acha que mudaria algo ou seria apenas o final de um clichê, a primeira mulher na presidência?

ROTH - Não, não, não, acho que haveria uma mudança. Isso que temos agora é um desastre. Com os democratas vencendo, teremos de volta a política como sempre. Isso aqui agora é um desastre. Os democratas são muito mais preferíveis do que os republicanos. Vamos falar de literatura?

FOLHA - Vamos. Há sete anos, o sr. reclamou que seus amigos estavam morrendo...

ROTH - [Gargalha] Pois isso não parou de acontecer!

FOLHA - Daí o livro ["Homem Comum" começa com um enterro e o tema principal e doença e morte]?

ROTH - Sim, em grande parte. Foi publicado aqui em 2005. Bem, sim, eu tenho ido a muitos funerais e tenho perdido muitos amigos e eu comecei a escrever esse livro no dia seguinte ao funeral de Saul Bellow [escritor, 1915-2005]. O livro não trata de Saul, mas minha cabeça estava profundamente tomada pela inevitabilidade de que todo o mundo que eu conhecia e conheço vai morrer. Então, sim, escrevi como resposta à morte de meu amigo.

Aqui a entrevista completa (só para assinantes).

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