domingo, 24 de junho de 2007

Nada será como antes

Ótima a entrevista (“A marca indelével do escândalo”) concedida pelo cientista político Ricardo Lessa (foto ao lado), do Iuperj, à repórter Mônica Manir, para o caderno Aliás, do Estadão, sobre o processo que está sendo movido contra o presidente do Senado Renan Calheiros, por quebra de decoro parlamentar.

Na entrevista, o caso Renan funciona como mote para que diversos outros temas relacionados com os males da vida republicana no Brasil mereçam a análise de Lessa. Para início de conversa, Lessa não acredita que mesmo aqueles políticos que sofreram algum tipo de punição parlamentar saiam incólumes da situação. Cita o caso de Fernando Collor, que hoje amarga um limbo no baixo clero no Congresso, sem qualquer tipo de influência política. E de Paulo Maluf, cujo desempenho tem se limitado a manter sua imunidade.

O futuro de Renan Calheiros, segundo o cientista político, não será dos melhores: “Acho que pode acabar de uma maneira muito ruim para Renan, exatamente por ser ele o presidente do Senado. Não descartaria renúncia e perda de mandato”, afirmou Lessa. Há no episódio uma combinação de “informalidade oligárquica com formalismo jurídico”, segundo o cientista.

O formalismo jurídico, contudo, não assegura que a justiça poderá prevalecer. Nos bastidores da República, forças se movem para que prevaleçam as informalidades. No corpo a corpo diário, os políticos “criam de um lado um mecanismo formal perfeito de investigação e de punição, mas sabem que, na informalidade, derrotam politicamente o que é juridicamente correto”.

Para isso colaboraria a criação de foro privilegiado. “O que ele faz?”, indaga Lessa. “Cria uma espécie de blindagem jurídica em torno dos parlamentares para qualquer questão, para qualquer questão, inclusive de natureza criminal”.

Renato Lessa fala ainda sobre a tênue fronteira entre o público e o privado no Brasil, e o papel da Polícia Federal e da imprensa em todos esses escândalos. Leia aqui a entrevista completa.

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