quarta-feira, 27 de junho de 2007

Mitos baianos

A Bahia é a terra da felicidade, onde pouco se trabalha e a alegria é uma marca inquestionável da convivência social. Será verdade? Essas são apenas algumas entre tantas imagens que se faz dos baianos. “Caymmi alimentou a idéia de que não se trabalha, mas baiano rala pra cacete”, contesta o antropólogo Antônio Risério, em depoimento à Revista Pesquisa Fapesp. Na matéria A ditadura da alegria, a revista questiona os mitos em torno da baianidade, muitos deles alimentados pelo Carnaval e seu poderoso marketing em Salvador.

A revista mostra que, embora a idéia de “terra da felicidade” já estivesse presente numa canção de Ary Barroso, foi com o surgimento da axé-music que a alegria passou a ser vendida como um produto para exportação. Os críticos alegam que isso só foi possível graças à ação do carlismo, que estabeleceu um domínio político de décadas na Bahia. Com o aval de Antônio Carlos Magalhães, parcerias foram estabelecidas entre a Bahiatursa e grupos de entretenimento.

O resultado não poderia ser mais prejudicial para o Carnaval de Salvador (um dos mais famosos do País): a festa, que antes era comemorada genuinamente pela população, ficou reservada ao domínio dos mais afortunados. Para alguns, o fim do carlismo pode trazer de volta a democratização do velho e tradicional Carnaval de rua de Salvador.

Um comentário:

margarida disse...

É como qui em Portugal a ideia de que o Porto é a terra onde se trabalha mais e de que os Alentejanos dorme e fazem o que fazem MUITO lentamente. :-)