quarta-feira, 4 de julho de 2007

Encontro de dois monstros

Paul Auster não fala espanhol. Enrique Vila-Matas não fala inglês. Algumas coincidências os rodeiam. Ambos são editados na Espanha pela Anagrama. E tanto um quanto o outro morou em Paris. Foi relacionando essas semelhanças e diferenças entre eles que a revista Câmbio documentou o encontro dos dois monstros (acesso livre, em espanhol) no Instituto Cervantes, de Nova York.

No Brasil Vila-Matas ficou conhecido depois da publicação dos seus romances Bartebly e companhia e O mal de Montano. Já Paul Auster tem uma relação mais antiga com o leitor brasileiro. Dele já foram lançados por aqui: O livro das ilusões, A invenção da solidão e A trilogia de Nova York, entre outros romances.

O encontro entre o americano e o espanhol rendeu curiosas confissões de ambos os lados. Falando ao público do Cervantes, Vila-Matas conta que decidiu se dedicar à literatura inspirado pelo papel romântico que o ator Marcelo Mastroianni interpretou no filme A noite (de Michelangelo Antonioni). Na história, Mastroianni era casado com uma mulher elegante e talentosa, capaz de ler 200 páginas por dia. Mas Vila-Matas logo se deu conta de que para ser escritor de verdade tinha de escrever e deixar de ser Mastroianni.

Tanto um quanto outro foram questionados se algum dia se sentiram bloqueados. A resposta de Enrique Vila-Matas: “O escritor que não se encontra com o abismo, não é um escritor.” E a de Paul Auster: “Eu só espero poder escrever amanhã”.

Nenhum comentário: