Não era pouco num país em que prazos são constantemente desrespeitados, em qualquer atividade. Nem mesmo o acidente com um Fokker em 1996, também em Congonhas, matando 99 pessoas, abalou o prestígio da empresa. Então veio a crise aérea. De um caso de sucesso, a TAM viu-se engolfada num mar de protestos, críticas e reclamações.
A tragédia do vôo 3054 pode ter representado a gota d´água que faltava para que ruísse o que restava de credibilidade na TAM e em todo o sistema aéreo nacional. A comoção e indignação provocadas pelo novo desastre em Congonhas atravessaram fronteiras.
Elizabeth Spiers é uma escritora americana. Vive em Nova York. Em abril deste ano, ela visitou o Brasil com o namorado para passar alguns dias de férias. Em seus deslocamentos pelo país, voaram pela TAM. Em relato publicado na revista Slate, Elizabeth conta a experiência (acesso livre, em inglês):
A TAM é a pior empresa aérea do mundo. Venho afirmando isso repetidas vezes desde abril, quando eu e meu namorado passamos umas férias curtas no Brasil. Retornamos felizes com a viagem, mas traumatizados com a companhia aérea. Na terça, quando o Airbus 320 da TAM, num vôo doméstico, deslizou para fora da pista, tentou decolar de novo e se chocou contra um prédio de cargas da própria empresa, explodindo com o impacto e incinerando quase 200 pessoas, senti, com raiva (e, OK, com presunção), que minha condenação se justificava.
A roda viva em que Elizabeth e o namorado se viram envolvidos é bem conhecida dos brasileiros que têm viajado de avião:
Voamos de Nova York para São Paulo, depois para Manaus. Voltamos para São Paulo. Daí para o Rio. Voltamos de novo para São Paulo. E depois para Nova York. Isso tudo no espaço de nove dias – um itinerário que já seria brutal mesmo sem complicações -, com atrasos de horas em cada vôo, ou cancelamento. Meu namorado, que é repórter de turismo há 15 anos, e já aterrissou em pistas em sua maior parte de grama, com um terminal e um comitê de boas vindas local cobertos apenas por lama e penas de galinha, insiste: A TAM foi a pior experiência que ele já teve.
Nenhum dos fatores da crise aérea brasileira fica de fora da análise da americana. Mostrando-se bem informada, ela nota as dificuldades de trabalho dos controladores, as limitações da infra-estrutura, principalmente do aeroporto de Congonhas, e os constrangimentos que as autoridades impõem à TAM para operar, incluindo sempre escalas compulsivas em São Paulo.
A conclusão de Elizabeth Spiers é um alerta de que o caos aéreo está prejudicando o turismo no Brasil. Assustada com o que viveu, ela garante: embora o país seja bonito, não pretendo retornar tão cedo.
Um comentário:
Engracado esta coisa de pessoas de fora quererem o seu minuto de fama(acontece inclusive aqui no Brasil, onde pessoas que nao sao da area,publicam as mais infundadas conclusoes sobre caos aereo/acidente etc. E isto leva o publico leigo a acreditar piamente em tudo que se fala e se escuta por ai.)Toda essa parafernalha de maldades so leva o panico ao usuario.Problemas existem em todas as empresas do mundo, e em qualquer area. Chutar cachorro morto e facil.Queria ver eles chutarem um pittbull.Quem conhece um pouco o espaco aereo americano ,sabe que o sistema esta inflado,.O crescimento da aviacao e bem maior do que o da infra-estrutura,e isto e um fenomeno mundial.So sera resolvido com uma gestao clara e rapida em suas decisoes,e nao em acabar com empresas aereas ,para extinguir os problemas. Para um aviao voar ,sao necessarios uma serie de fatores ,que envolve muitas pessoas(gestao/adiministracao/treinamento etc)Fatores estes interligados entre si,e que nao funcionam bem se uma destas partes deixar de cumprir o seu papel. As empresas Brasileiras estao em igualdade de condicoes com qualquer empresa aerea do primeiro mundo,faltando realmente uma gestao por parte deste conjunto que se chama aviacao.
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